A internet não é o futuro. É apenas o princípio de uma profunda mudança na forma como as pessoas se relacionam entre si e com o restante do mundo. Toda transformação encontra resistências, especialmente de quem não vivenciou a nova realidade na infância. Essa é uma das razões pelas quais os adultos têm dificuldade para entender como os adolescentes podem gastar tanto tempo com videogames ou em frente a uma tela de computador. A linguagem da “galera” parece outro idioma para os mais velhos, que não freqüentam conexões de conversas on-line.; É o “internetiquês” que ganha espaço. Até mesmos professores ficam meio perdidos nessa história.
Geração screenager
Há um novo termo no ar: screenager. A palavra foi criada em 1997 por um entusiasta da internet, Douglas Rushkoff. Define assim os adolescentes que cresceram em frente às telas, sejam elas de televisão, games, computadores ou telefones celulares. Gente que gastou, em média, mais de quatro horas diárias lidando com imagens, textos, músicas, animações, interação e sons mediados por aparelhos variados. Digitalizar é transformar informação em códigos de informática, um e - zero, fáceis de serem criado, copiados e distribuídos por quem entende um pouco de técnica. Quem é screenage tem mais facilidade em lidar com tecnologias digitais e manipular informações digitais e manipular informações em telas diversas e simultâneas. Por outro lado, as escolas, igrejas e famílias estão em crise por não saberem ainda como se comunicar com essas pessoas da forma mais adequada. Simplesmente não funciona mais o modelo tradicional, de transmissão sem interação, de mensagem para uma audiência passiva, de pessoas que se consideram donas da verdade e avessas ao diálogo.
Mudança cultural
A internet afeta o jeito de fazer amigos, na medida em que abre outros caminhos de relação com pessoas que podem estar distantes no espaço e muito próximas nos interesses compartilhados. Pode influir no comportamento, pois leva os “navegantes” a culturas e subculturas antes desconhecidas ou pouco conhecidas. Muda o trabalho e as instituições educacionais, ao criar outros processos de interação que aceleram, personalizam e potencializam as relações nesse campos da atividade humana. Negar ou apenas criticar s internet uma atitude cômoda para alguns que não compreendem a dimensão do que acontece. Mas também há riscos.
A geração screenager tende à superficialidade. Como o volume de informações que recebe é imenso, muitas vezes o jovem resume o conhecimento sobre o assunto aos títulos e às fotos, sem se aprofundar sobre fatos fora de seu mundinho. Um dos problemas que isso traz é a quantidade de pessoas que sabem dar notícia sobre tudo, mas não entendem o suficiente sobre nada. Na capital paulista e em outras cidades, é quem usa a expressão “tipo assim” a cada duas frases que fala: “ah, sabe, tipo assim...” Como não domina o conceito, parte sempre para o exemplo, até pela falta de domínio do vocabulário. Superficialidade significa falta de reflexão, o que pode levar à passividade; achar que tudo é assim mesmo, que não há como mudar.
Uma janela para a indiferença
Um problema grave que a internet pode aumentar é a presença de comportamentos anti-sociais, tais como o uso de drogas , racismo, comércio sexual de crianças e pessoas empobrecidas , manipulação política totalitária _ como o nazismo _ e uma cultura de valorização da morte , de desrespeito ao outro e de indiferença. Isso por abrir “janelas “de expressão para grupos que podem ou não se pautar por valores éticos. Outra dificuldade é o afastamento da realidade que não está nas telas , tanto pelo tempo despendido em ambientes virtuais quanto pelo comodismo de poder desligar a conexão sempre que algo incomoda , algo que não é possível nas relações fora do mundo digital.
Dentre as possibilidades positivas uma das que chama mais atenção é a articulação de movimentos sociais para pressionar governos e empresas. Os jovens têm liderado campanhas mundiais e locais de grande sucesso, usando basicamente a internet como principal veículo de arregimentação de ativistas e disseminação de conceitos voltados a temas sociais e ambientais. O coletivo canadense Adbusters é um ótimo exemplo de combate à manipulação da mídia, que força os inatingíveis de beleza , sucesso e fortuna. No Brasil também há vários casos de sucessos, como o de organizações que apóiam a Campanha pelos Direitos à Comunicação, uma luta para que a ONU e governos nacionais incluam a comunicação como um direito humano básico, o que pode mudar o nível de participação democrática das pessoas nas sociedades em todo o mundo.
Questões para reflexão
1. Podemos afirmar que existe uma "cultura da internet"? Justifique.
2. Como essa cultura se manifesta nos valores e ações dos jovens da sua cidade e região.
3. Como os jovens podem lidar com este mundo da internet sem ser "engolidos(as)" por ele?
4. Para você, qual é a principal função da internet( diversão, pesquisa, relacionamentos, etc. )?
LINKS
www.crisbrasil.org.br
www.idbrasil.org.br/usuarios/linguagem/prefacio.htm
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